O Anticristo é o oposto absoluto e o maior inimigo de Cristo. De acordo com a tradição cristã, ele governará de forma terrível no período que antecede o Juízo Final. O termo “Anticristo” apareceu pela primeira vez nas Cartas de João (1 João 2:18, 2:22 e 4:3; 2 João 1:7). O relato mais detalhado sobre sua vida e reinado foi desenvolvido em textos medievais. Ao longo de quase dois milênios, o termo “Anticristo” e “precursor do Anticristo” foram usados para se referir a diversas pessoas e instituições, mantendo-se até hoje como expressões de forte condenação.

A concepção cristã do Anticristo tem origem em tradições judaicas, especialmente no Livro de Daniel, do Antigo Testamento. Escrito por volta de 167 a.C., esse livro prediz a vinda de um perseguidor final que “proferirá palavras contra o Altíssimo, oprimirá os santos do Altíssimo e intentará mudar tempos e leis” (Daniel 7:25).
Os estudiosos concordam que o autor de Daniel fazia referência ao governante helenístico Antíoco IV Epifânio, que tentou erradicar o judaísmo na Palestina. No entanto, como o nome de Antíoco não foi mencionado diretamente, leitores posteriores puderam associar essa profecia a qualquer perseguidor.
Os primeiros cristãos aplicaram essa previsão aos imperadores romanos que perseguiram a igreja, especialmente a Nero (que governou de 54 a 68 d.C.).
Os quatro livros do Novo Testamento que mais influenciaram a crença cristã no Anticristo foram as duas primeiras epístolas de João, o Apocalipse de João e a Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses. Os três primeiros foram escritos próximo ao final do século I d.C., enquanto a última foi redigida por Paulo, o Apóstolo, logo após o ano 50 d.C., ou por um de seus discípulos diretos, cerca de 20 a 30 anos depois.
Embora nem 2 Tessalonicenses nem Apocalipse utilizem diretamente o termo “Anticristo”, ambos fazem referência a um perseguidor futuro, que aparentemente se trata da mesma figura.
A primeira epístola de João introduz uma distinção importante entre “o” Anticristo, que virá no futuro, e os muitos anticristos que já estão ativos no mundo. Essa diferenciação permitiu aos cristãos da época denunciar opositores chamando-os de “anticristos”, sem precisar identificar uma única pessoa como o Anticristo definitivo. Além disso, essa ideia possibilitou a concepção de um “corpo do Anticristo”, representado como uma coletividade presente no mundo, mas que alcançaria seu ápice no futuro.
Os quatro livros do Novo Testamento que mais influenciaram a crença cristã no Anticristo foram as duas primeiras epístolas de João, o Apocalipse de João e a Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses. Os três primeiros foram escritos próximo ao final do século I d.C., enquanto a última foi redigida por Paulo, o Apóstolo, logo após o ano 50 d.C., ou por um de seus discípulos diretos, cerca de 20 a 30 anos depois.
Embora nem 2 Tessalonicenses nem Apocalipse utilizem diretamente o termo “Anticristo”, ambos fazem referência a um perseguidor futuro, que aparentemente se trata da mesma figura.
A primeira epístola de João introduz uma distinção importante entre “o” Anticristo, que virá no futuro, e os muitos anticristos que já estão ativos no mundo. Essa diferenciação permitiu aos cristãos da época denunciar opositores chamando-os de “anticristos”, sem precisar identificar uma única pessoa como o Anticristo definitivo. Além disso, essa ideia possibilitou a concepção de um “corpo do Anticristo”, representado como uma coletividade presente no mundo, mas que alcançaria seu ápice no futuro.
Apesar da distinção entre muitos anticristos e o Anticristo final, os primeiros cristãos tendiam a enfatizar a vinda de um único grande Anticristo. O Apocalipse de João o descreve como a “Besta que sobe do Abismo” (Apocalipse 11:7) e a “Besta que emerge do mar” (Apocalipse 13:1).
Muitos estudiosos interpretam o número da Besta em Apocalipse 13:18—666 (ou, em algumas versões, 616)—como uma referência numérica (gematria) ao imperador Nero.
A descrição mais detalhada da chegada do Anticristo aparece em 2 Tessalonicenses 2:1–12, onde ele é chamado de “homem do pecado” e “filho da perdição”. Esse personagem surgirá em um tempo de grande apostasia, enganará as pessoas com sinais e prodígios, se sentará no templo de Deus e afirmará ser o próprio Deus.
Por fim, ele será derrotado por Jesus, que o destruirá com “o sopro de sua boca” e com “o esplendor da sua vinda” (2 Tessalonicenses 2:8).
Como 2 Tessalonicenses fornece poucos detalhes sobre a identidade e o reinado do Anticristo, diversos comentaristas bíblicos e escritores apocalípticos, desde a época dos Pais da Igreja até a Idade Média, buscaram preencher essas lacunas.
No século X (por volta de 954), o monge Adso de Montier-en-Der, da região da Lorena, reuniu essas interpretações em uma carta à rainha Gerberga da França, criando um tratado que se tornou a referência medieval sobre o Anticristo. No século XIII, esse trabalho foi parcialmente substituído por capítulos sobre o Anticristo no popular Compendium theologicae veritatis (c. 1265), de Hugh Ripelin, que, embora mais organizado, diferia de Adso apenas em pequenos detalhes.
A visão medieval sobre o Anticristo, sustentada por Adso, Ripelin e outros escritores, baseava-se no princípio de que ele seria o oposto paródico de Cristo. Assim como Cristo nasceu de uma virgem pelo poder do Espírito Santo, o Anticristo nasceria de uma prostituta por meio de um espírito demoníaco. Havia divergências sobre se seu pai seria um homem ou um demônio, mas a crença predominante era que ele estaria “cheio do diabo” desde a concepção.
Tanto Cristo quanto o Anticristo teriam origem judaica, mas, enquanto Cristo veio da tribo de Judá, o Anticristo viria da tribo de Dã, associada à serpente no caminho (Gênesis 49:17). Ele nasceria em Babilônia, e não em Belém. Como Cristo, viveria no anonimato até os 30 anos, quando iniciaria seu ministério, atraindo seguidores por meio de sinais e milagres. No entanto, seus milagres seriam meros truques—uma imitação deturpada dos de Cristo.
O reinado triunfante do Anticristo, que não era claramente distinguido do início de seu ministério, duraria três anos e meio. Ele iria a Jerusalém, onde seria aclamado e venerado pelos judeus como o verdadeiro Messias. Durante esse período, reconstruiria o Templo e se assentaria no trono de Salomão, num ato de profanação e usurpação do sacerdócio e do reinado justos. Ele conquistaria os governantes da terra e perseguiria brutalmente os cristãos. Todos os que resistissem seriam torturados, cumprindo a profecia de Mateus 24:21 sobre um tempo de sofrimento sem precedentes.
Nesse contexto, os profetas Enoque e Elias, que, segundo a tradição, não experimentaram a morte, retornariam para condenar o Anticristo e fortalecer os eleitos, mas seriam mortos por ele.
No fim dos três anos e meio, o Anticristo seria destruído pelo próprio Cristo, e, após um breve intervalo, ocorreria o Juízo Final e o fim do mundo.
Um dos pensadores medievais que mais se distanciou dos ensinamentos tradicionais sobre o Anticristo foi o monge calabrês João de Fiore, do século XII. Ele desenvolveu uma visão de sucessivas perseguições passadas e futuras contra a Igreja Cristã, o que o levou a propor a existência de uma sucessão de “anticristos” antes da chegada do grande Anticristo. Entre esses precursores, ele incluiu figuras como Nero, Maomé e Saladino.
Para João de Fiore, o grande Anticristo não seria um judeu vindo da “Babilônia”, como defendiam os relatos medievais, mas sim a personificação dos piores males de sua própria sociedade, especialmente a heresia e a opressão da Igreja.
Além disso, como ele acreditava que haveria um período milenar de paz na terra entre a morte do Anticristo e o Juízo Final, sentiu-se obrigado a prever a chegada de um “Anticristo final”. Embora não tenha detalhado sua natureza, ele o identificou como “Gogue”, sugerindo uma relação com os inimigos proféticos Gogue e Magogue, que, segundo Apocalipse 20:7-9, apareceriam para travar a batalha final contra os santos após o milênio e antes do Juízo Final.
Anticristo e sua identificação com líderes históricos
Nos séculos finais da Idade Média, a crença na iminência do reinado do Anticristo levou muitos a acreditar que seus precursores já estavam em ascensão—ou até que o próprio Anticristo já havia chegado na figura de algum governante ou papa.
Essa interpretação foi especialmente associada ao imperador Frederico II (reinou de 1212 a 1250), considerado “antipapal”, e ao papa João XXII (reinou de 1316 a 1334), que perseguiu dissidentes da Igreja.
Essa tendência de identificar líderes odiados como Anticristo persistiu mesmo após a Idade Média. O czar Pedro, o Grande (reinou de 1689 a 1725) foi rotulado como Anticristo por seus opositores, os Velhos Crentes russos.
No século XX, alguns também apontaram o ditador fascista italiano Benito Mussolini como Anticristo, devido à sua tentativa de reviver o Império Romano.
No entanto, a partir do século XVI, a obsessão com o Anticristo como uma figura terrível individual deu lugar à visão de Anticristo como um corpo coletivo de maldade. Embora essa ideia já fosse aceita de forma abstrata por alguns teólogos medievais, ela foi concretizada e popularizada por Martinho Lutero, que afirmou que a instituição papal, mais do que qualquer papa específico, representava o Anticristo.
Os protestantes modernos, especialmente, tendem a entender o Anticristo como qualquer força ou sistema que resista ou negue a soberania de Cristo, embora a ideia de um indivíduo como Anticristo tenha ganhado força entre alguns cristãos evangélicos e fundamentalistas no século XX. Por outro lado, os católicos romanos se tornaram menos inclinados a identificar o Anticristo como um indivíduo específico que viria no futuro.
Vestígios da tradição medieval do Anticristo ainda podem ser encontrados na cultura popular contemporânea, como nos filmes de Hollywood, como O Bebê de Rosemary (1968) e A Profecia (1976 e 2006) e suas sequências. A visão do Anticristo como uma instituição diabólica também se reflete, em certa medida, na superstição de que cartões de crédito e códigos de barras eletrônicos marcam misteriosamente as pessoas com o sinal do Anticristo, o número 666 (Apocalipse 13:18).

Sou Oliver Talmidi, responsável pelo blog Sabedoria Bíblica. Sempre fui fascinado pelas Escrituras e pela riqueza de conhecimento que elas oferecem. Minha missão é compartilhar curiosidades, reflexões e ensinamentos de forma acessível, ajudando mais pessoas a compreenderem e se aprofundarem na Palavra de Deus. Acredito que a sabedoria bíblica transforma vidas, e é um privilégio poder explorar e dividir esse conhecimento com você.